Os primeiros anos de vida de uma criança são muito importantes, pois neste período vital são geradas muitas conexões neurais que, posteriormente, se traduzirão em aprendizagem e desenvolvimento de habilidades sociais, emocionais, motoras, cognitivas e linguísticas. Em muitas ocasiões, porém, o potencial das crianças nesses estágios tende a ser subestimado, limitando em certa medida as oportunidades de aprendizagem, por exemplo, de línguas estrangeiras.
Em alguns casos, existe até uma tendência para pensar que aprender duas ou mais línguas ao mesmo tempo pode afetar a aquisição correta da língua materna ou mesmo levar a problemas de linguagem. No entanto, cada vez mais estudos mostram que a aprendizagem de duas línguas em paralelo não só não afeta o desenvolvimento correto da língua, mas também que esta situação traz inúmeros benefícios para crianças que estão expostas a várias línguas.
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A importância de adquirir uma segunda língua desde cedo
Estima-se que, a partir do sexto mês de gestação, os bebês respondam aos sons que vêm de fora, uma vez que o ouvido já está em pleno funcionamento desde o período intrauterino. De acordo com vários estudos, acredita-se que os bebês ouvem os sons da mãe, a música e a entonação e o ritmo da linguagem produzidos pela mãe.
Essa suposição coincide com os resultados de alguns estudos realizados com bebês e que indicam que, desde os primeiros dias, eles são capazes de distinguir a entonação de sua língua materna de outras línguas. A partir dos seis meses de idade, se o bebê for exposto a apenas uma língua, ele começa a perder as habilidades de discriminação de línguas desconhecidas e estas passam a perceber exclusivamente o sistema vocálico de sua língua materna.
Aprender uma segunda língua quando criança é muito mais fácil, pois a aprendizagem acontece em um contexto natural e não formal com metodologias implícitas e uma grande quantidade de informações relevantes para a criança. As crianças aprendem principalmente por meio de imitação e observação. Quando ouvem os mais velhos falar, eles copiam não apenas palavras ou expressões, mas também entonação, pronúncia e até linguagem corporal, expressões faciais ou humor.
Cada idioma tem seus próprios sons e entonação, bem como seus próprios gestos ou código de linguagem não verbal. À medida que aprendem as palavras e expressões, as crianças registram como as frases são pronunciadas e entoadas, dependendo da linguagem que estão usando. Esse aspecto é fundamentalmente o que distingue um falante nativo ou totalmente bilíngue de um falante que aprendeu a segunda língua na idade adulta.
O ser humano é programado para se comunicar, ou seja, para aprender linguagens com as quais possa se entender e se fazer compreender em sua comunidade. A comunicação é a habilidade que nos permite sobreviver e viver em sociedade.
Nas comunidades onde coexistem três ou até quatro línguas, os indivíduos as adquirem desde o nascimento e as falam indistintamente, sem qualquer tipo de dificuldade. Isso é o que realmente se entende por bilinguismo, ou seja, a capacidade de se comunicar perfeitamente em vários idiomas com o mesmo nível de competência em todos eles. Esse fato mostra que a aquisição de duas ou mais línguas ao mesmo tempo é mais do que viável.
Em contextos em que a possibilidade de exposição a duas línguas não acontece ou não é possível, o ideal é que nos contextos educativos opte-se por uma abordagem natural, onde as crianças aprendem com jogos, pequenos passeios, música, trabalhos de dramatização e, acima de tudo, muitas dinâmicas de movimento que mantêm as crianças ativas e interessadas nas atividades.
O melhor é planejar as sessões como se fosse uma interação natural entre o professor e as crianças para que o ambiente estimule a aquisição da língua de maneira eficiente, ou seja, que elas aprendam a realmente se comunicar na segunda língua.