No dia 05 de fevereiro é comemorado o Dia Mundial da Mamografia. Trata-se de um exame clínico realizado por um equipamento específico – conhecido como mamógrafo, que tem como finalidade estudar o tecido o mamário e, com isso, detectar um possível nódulo na região dos seios, contribuindo para o diagnóstico do câncer de mama. Em Minas Gerais, este exame é realizado de forma gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Saúde Bio, o câncer de mama é o segundo tipo mais frequente no mundo – respondendo por 22% dos casos novos a cada ano. Em 2012, 1,7 milhão de mulheres foram diagnosticadas com câncer de mama. Desde as estimativas de 2008, a incidência de câncer de mama tem aumentado em mais de 20%, enquanto a mortalidade aumentou em 14%.
Para falar mais sobre a importância do exame de mamografia para a saúde da mulher, a equipe de web jornalismo do Canal Minas Saúde conversou com o presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia – Regional Minas Gerais, Dr. Clécio Ênio Murta de Lucena. Confira a entrevista:
1) Qual é a idade adequada para iniciar a mamografia?
A recomendação que se faz para a população geral é de iniciar o rastreamento mamográfico aos 40 anos. Nas mulheres classificadas como de alto risco para Câncer de Mama, o rastreamento deve-se iniciar numa idade mais precoce, em geral associando-se outros métodos como a ultra-sonografia ou mesmo a Ressonância Nuclear Magnética, em situações especiais. É importante salientar que jamais podemos negligenciar o exame clínico das mamas.
2) Qual é o intervalo para realizar este exame?
Em um contexto ideal, a recomendação é repetirmos a mamografia anualmente. Entretanto, é aceitável intervalos a cada dois anos, mantendo-se a vigilância clínica periódica.
3) A mamografia ajuda identificar o câncer de mama já no primeiro estágio da doença?
Existe um período de tempo que vai desde o início da formação tumoral (primeiras células do câncer) e o momento da expressão radiológica do tumor, que podemos entender como o primeiro estágio. Nessa fase, ainda não temos métodos de imagem capazes de demonstrar a presença dessas lesões. No entanto, a mamografia é capaz de, em situações adequadas, poder identificar tumores tão pequenos quanto 1 a 3 mm.
4) Mulheres que tem histórico de câncer de mama na família devem realizar o exame com qual idade?
Depende. Se o histórico familiar for muito forte (várias pessoas com câncer de mama, casos de câncer de mama em idade abaixo dos 40 anos, câncer de mama masculino, sobretudo em parentes de primeiro grau), recomenda-se iniciar o rastreamento 10 anos antes da idade daquele caso familiar próximo.
5) A mamografia é um exame doloroso?
É frequente o relato de pacientes de que a compressão realizada durante a mamografia é desconfortável. Trata-se de uma situação de desconforto variável, depende de cada mulher, do grau de tolerância à dor, da densidade mamária, da fase do ciclo menstrual, dentre outros fatores. Importante é conscientizar-se de que, apesar no inegável desconforto causado, o benefício do exame é superior.
6) A mamografia pode ser realizada no período pré-menstrual ou na gravidez?
Pode ser realizada em qualquer fase do ciclo menstrual e até mesmo na gravidez. A questão é que, durante a gestação, as mamas dessas pacientes encontram-se expostas aos estímulos da gestação, tornando as mamas mais densas e certamente limitando a capacidade diagnóstica do método. Além disso, na maioria dos casos, a gestação ocorre numa idade mais jovem que a que recomendamos fazer o rastreamento mamográfico.
7) Mulheres que possuem prótese de silicone (ou cirurgia mamoplastia) podem fazer o exame regularmente ou precisam de algum cuidado especial?
Podem fazer o exame regularmente, podendo às vezes, ser necessário acrescentar alguma manobra específica (nas mulheres com próteses mamárias) ou incidências adicionais.
8) O exame de mamografia é feito só em mulheres?
Não. A mamografia pode ser feita em mulheres com a finalidade principal de rastreamento do câncer de mama ou para esclarecimento de alguma anormalidade detectada no exame físico das mamas. Nos homens não se recomenda uso da mamografia de rastreamento, apenas para esclarecimento de lesões identificadas nas mamas, inclusive nos casos de suspeita de câncer de mama masculino. Outra situação que empregamos a mamografia em homens é para diferenciação dos casos de ginecomastia verdadeira ou de lipomastia (acúmulo de gordura nas mamas).