No final do século XIX, a cidade do Rio de Janeiro tinha vários quilombos espalhados pelos bairros, inclusive nas matas do Morro do Corcovado.
Um dos quilombos mais interessantes foi o do Leblon, que também era conhecido como “Quilombo do Seixas”.
Nascido em Portugal em 1830, José de Magalhães Seixas veio ao Brasil com quatorze anos de idade e por muitos anos trabalhou com o comércio de malas e outros artigos de couro em sua loja no Centro do Rio de Janeiro.
Conseguiu avançar no seu empreendimento quando começou a utilizar máquinas na confecção e seus produtos faziam bastante sucesso na Europa.
Assim, Seixas conseguiu dinheiro suficiente para comprar uma enorme chácara na Zona Sul da Cidade e construiu uma casa onde hoje está localizado o Clube Federal, na encosta do Morro Dois Irmãos. Hoje essa área é conhecida como Alto Leblon, onde está o luxuoso Condomínio Jardim Pernambuco.
A propriedade foi a maior que existiu no bairro do Leblon no século XIX e além da fábrica também eram cultivadas camélias, flores que foram adotadas como símbolo do movimento abolicionista.
Criação do Bairro
O loteamento do Leblon teve início no século XX, e até o começo do século a área era vista como uma extensão da Gávea, considerada como uma área pobre.
A iluminação elétrica só chegava até Ipanema nessa época, e na região moravam apenas pescadores e alguns proprietários de pequenos plantios.
Nas primeiras décadas do século XX o poder público voltou os olhos para a região e começou a fazer investimentos ligados à construção civil, prestação de serviços públicos, transportes, fornecimento de água e luz e assim a região começou a passar por grandes transformações urbanísticas em diferentes períodos, e também sob diferentes governos.
Além dos atrativos naturais, mais tarde o Leblon viria a se tornar o bairro mais atrativo às pessoas mais nobres.
O processo de loteamento e urbanização do bairro começou em 1901, comandado pela família Ludolf que era proprietária da maior parte dos terrenos e também tinha participação na Companhia Industrial da Gávea. Atualmente, é repleta de apartamentos novos na Gávea.
Em 1919 a Companhia Construtora de Ipanema vendia terrenos à vista e a prestação nos dois bairros, e a planta do loteamento registrada na prefeitura, mostrava o nome das ruas.
Foi nesse período que foi concluída a construção da Avenida Niemeyer, que recebeu esse nome como homenagem ao Comendador Jacob Niemeyer que doou estas terras à prefeitura na época.
Uma curiosidade é que a avenida foi alargada um ano depois para a visita do Rei Alberto da Bélgica, e na ocasião também foi construída a Avenida Delfim Moreira, ao final da Avenida Vieira Souto, que faz conexão até o início da Avenida Niemeyer.
No período de 1920 a 1922 iniciaram-se as obras de saneamento e reforma da Lagoa Rodrigo de Freitas e com isso foi iniciada também a construção do Canal da Barra, que hoje é conhecido como Jardim de Alah.
Em 1930 o bairro já era considerado nobre, de residência burguesa e abastada.
Também durante os anos 30 o bairro entrou para o circuito de eventos automobilísticos da cidade do Rio e a primeira competição do Circuito de Corridas da Gávea no Leblon foi disputada em 1933.
Na segunda metade do século XX o mercado imobiliário da área começou a ser valorizado. Nessa época muitos casarões tradicionais foram derrubados para dar lugar a construção de prédios luxuosos.
Ao longo dos anos, um conjunto de favelas foi se formando em torno da Lagoa Rodrigo de Freitas e o desenvolvimento aumentou, com oferta de empregos na área de serviços e construção civil.
Hoje o bairro é imortalizado como cenário de várias novelas e conhecido pela beleza natural de sua praia, ruas tranquilas e gastronomia, sendo o endereço preferido também de muitas celebridades. Além de de muitos shoppings, como o Fashion Mall.
É uma das áreas mais exclusivas do Rio de Janeiro e o metro quadrado mais caro do país.